Olhei em volta estava cercada de pessoas, mas me sentia sozinha, a grande maioria sabia quem eu era, mas não sabiam quem eu sou, sabiam coisas aleatórias, superficiais e essa sensação me afogava aos poucos num mar raso de desconhecimento.

No meio de pessoas falando, mas só ouvia o silêncio de emoções, de verdade, o silêncio de mim, levada pela timidez me fazia apenas de ouvinte, mesmo tendo o que dizer, me sentia muda mesmo podendo falar, falar algo importante, algo pertinente, mas tudo que saia era um silêncio que me feria.

As coisas aconteciam e por instantes me sentia perdida, mas na verdade não estava perdida, as coisas aconteciam e me faziam de invisível, me deixavam de fora, numa ilha apenas podendo ver e nada mais, uma existência de ficção, apenas atrás das cortinas de ouvidos tapados.

Pensava, repensava, mas desistia de fazer, por conjuras de pessoas hipócritas demais, é um meio difícil de não se envolver, de querer fazer parte, até faz, mas apenas no parecer.

Era uma vida de passagem, tudo era passageiro até as pessoas, ficavam por uns dias e iam embora, não faziam marcas apenas historias, das quais daqui uns anos nem importariam mais. Pessoas não duram, relacionamentos não duram e apenas existe um vazio de uma passagem que aconteceu.

Sentia o irreal tomando conta, apenas ilusão, a vontade de querer algo a mais, algo de verdade era sufocada pela ideia da perda, seria mais fácil perder o irreal, magoaria menos e afinal depois de tanta ilusão, perdia-se aos poucos o coração.

Todos estavam envoltos em seus mundinhos de chumbo, impenetráveis para os de fora, e os de dentro se mantinha ali por medo de sair e não voltar, eram ilhas soltas num oceano, tinham tudo para formar um arquipélago, mas preferiam não se socializar.

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